segunda-feira, junho 03, 2019 n412k

Pernambuco sedia Encontro de Sementes da Partilha, em Serra Talhada 1l4f5l

Foto de Emanuela Castro, da Casa da Mulher do Nordeste

“As Casas de Sementes prestigia você a guardar as sementes, a não deixar faltar na mesa da família do trabalhador e trabalhadora, agricultor e da agricultora, essa semente que é tão rica em proteínas, como feijão e milho, e que a gente mais produz e mais consume”, alertou Arlesia Alves, da comunidade de Serra da Baixa, Sertão do Araripe, sobre a importância desses espaços e da responsabilidade das agricultoras e agricultores como guardiões da biodiversidade. Esses conhecimentos e saberes do campo foram compartilhados durante o III Encontro Estadual de Sementes da Partilha, realizado nos dias 29 e 30 de maio, em Serra Talhada/PE, com a organização da Casa da Mulher do Nordeste, e parceiros da ASA-PE, como a ADESSU Baixa Verde, Chapada, Caatinga, Cecor e Centro Sabiá. 

O Encontro marcou a culminância das ações do Programa Sementes do Semiárido em Pernambuco, da Articulação do Semiárido Brasileiro, executado pela Casa da Mulher do Nordeste. A programação contou com mesas de diálogo, intercâmbio e feira de trocas de sementes e saberes. “Reafirma os avanços na importância desse projeto para visibilizar as Casas de sementes construídas nesse projeto que garantia a existência concreta de sua gestão. E agora fica o desafio de como continuamos essa luta para fortalecer essas Casas e ampliar a produção das sementes em sua diversidade”, afirmou Graciete Santos, presidenta da Casa da Mulher do Nordeste e membro da coordenação executiva da ASA-PE. No primeiro dia do evento, os agricultores e as agricultoras conheceram as experiências de gestão de Casas de Sementes no Estado. A exemplo do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), da comunidade quilombola de Mirandiba, da experiência no Sertão do Pajeú e também da Rede SEMEAM, do Agreste. “Sementes que trazem a história de cada pessoa, de cada família, de cada quilombola, que guardou na sua memória histórica por centenas de anos. Momento rico a resgatar a história de nosso povo”, relatou João Alfredo, da comunidade quilombola de Conceição das Crioulas, de Salgueiro. Outro debate importante realizado foi sobre o enfrentamento às sementes transgênicas nos territórios. Um diálogo compartilhado entre os guardiãs e guardiões de sementes com Maitê Maronhas, engenheira agrícola e ambiental, sobre as formas de prevenção e os desafios na luta contra a transgenia. Um dos desafios apontados é o monitoramento das sementes, que depende de testes caros para evitar que os Bancos recebam sementes modificadas. 

A discussão que permeou todo o Encontro foi sobre o o a água e os direitos das mulheres. Como mais de 60% era agricultora, questões que envolvem a vida das mulheres no campo, e sua gestão e guardiãs das sementes trouxe a necessidade das mulheres ocuparem espaços de decisão. O que também foi dito é que ainda há casos de violência no campo, e que vivem situações de desigualdades nas famílias e nas associações.No segundo dia, as agricultoras e agricultores fizeram um diálogo sobre Políticas de Sementes Crioulas em Pernambuco com representantes do governo e do poder legislativo. Durante a manhã, foi apresentado a experiência do Polo Sindical da Borborema/Paraíba, que tem avançado na discussão de uma Política Estadual de Sementes Crioulas, como também no fortalecimento da auto-organização dos agricultores e agricultoras. Roselita Victor, Coordenadora do Polo Sindical da Borborema/PB, relatou que trabalha em diversas frentes e estratégias, como: formação, experimentação, articulação em Redes e construção de Políticas públicas. “tem aprimorado os espaços, as formas de armazenamento, de seleção, de equipamentos, para que possam armazenar de forma mais eficaz.”, completou. 

Em seguida, compôs a mesa o Diretor de Extensão Rural do IPA, Reginaldo Alves, que apresentou o fluxo de trabalho do Programa de Sementes que está se reestruturando. “Precisamos dialogar para traçar estratégias de como ter um Programa para o fortalecimento dos Bancos de Sementes, e incorporar as sementes crioulas. Além de ter uma ação de distribuição que é uma de suas funções, ter uma ação com autonomia das comunidades na gestão de suas sementes”, disse. 

A mesa contou também com a presença de André Santos, assessor do Deputado Estadual – PT, Doriel Barros, que se comprometeu em apresentar ao Deputado a proposta de uma audiência pública sobre as Sementes Crioulas, e colocou o interesse do Deputado de construir esse diálogo. A ASA também tem provocado a importância de fortalecer os campos de multiplicação para que se possa garantir a vida dos Bancos. “Precisamos construir esse momento de diálogo, junto com a ASA e outros parceiros dos Movimentos do Campo, para construir essa Política de Sementes Crioulas, que no momento o Estado só conta com um Programa de Sementes. Precisamos também fazer um trabalho de sensibilização e mostrar que as sementes crioulas são produtivas e aptas ao mercado, e que o Estado precisa incorporar a compra dessas sementes na sua política”, pontuou Graciete Santos. 

O Encontro pontuou como desafios: a continuidade do monitoramento da Transgenia e a construção de uma Política Estadual de Sementes Crioulas. Os agricultores e as agricultoras também assumiram o compromisso de participar da escuta que o governo irá realizar nos territórios sobre o Plano Plurianual, previsto para julho.

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